Erros na Engenharia

Erros na engenharia

Erros são comuns em qualquer área, bem como na engenharia. Assim, separamos neste post alguns erros interessantes para mostrar não só como tarefas complexas, mas também simples podem acabar saindo de nosso controle igualmente.

Não fure o lago

Lago Peigneur (Fonte: Google Earth)

A localização de poços de petróleo pode ser uma tarefa muito difícil, sendo necessário sondar o local através de uma espécie de broca, a fim de definir o melhor lugar para se realizar a extração.

No ano de 1980 era exatamente isso que estava sendo feito por uma empresa contratada pela Texaco, no Lago Peigneur. Uma balsa realizava diversas sondagens com o intuito de localizar a reserva de petróleo.

Os locais para sondagem foram corretamente definidos, de forma a evitar que a mina fosse perfurada.

Mas esta é uma lista de erros, não de acertos, e, como é de se imaginar, devido a utilização de um sistema de coordenadas errado a sonda de aproximadamente 30 cm de diâmetro atingiu uma das galerias da mina, que imediatamente começou a ser inundada com água vinda do lago.

Felizmente, todos os trabalhadores da mina conseguiram sair a tempo.

Fim da história? Não exatamente, nada é tão ruim que não possa piorar. A mina estava em atividade há mais de 60 anos e o volume de suas galerias superavam o volume de água do lago. Sim, o lago inteiro foi drenado.

Devido ao alto fluxo de água o furo que era de pouco mais de 30 cm foi sendo ampliado conforme a água erodia suas paredes. Assim, foi criada uma espécie de ralo gerando um redemoinho que sugou diversos barcos que estavam no lago.

Conforme o lago ia secando, o rio que o conectava ao mar inverteu o sentido. Agora fluindo em direção ao lago. Dessa forma, ocasionou-se a erosão das margens do rio, destruindo duas casas, novamente sem vitimas.

Ao final de todo esse processo a água do lago se tornou salobra devido ao fluxo da água vinda do mar. Além disso, o lago se tornou o mais profundo da Luisiana, com uma profundidade de mais de 100 metros (antes de aproximadamente 3 metros), assim como criou-se a maior cachoeira do estado com cerca de 40 metros (e certamente a maior cachoeira de água salgada do mundo), durante alguns dias.

O prédio que dança

A história a seguir aconteceu na Coreia do Sul e, talvez, você possa pensar que se trata de mais um grande avanço da tecnologia. No entanto, se trata apenas do poder das pessoas, ou melhor “The Power”.

Techno Mart – Coreia do Sul

Em 2011, os moradores de um arranha-céu sentiram um estranho balançar no prédio, sendo evacuado imediatamente. Após o incidente, uma investigação teve inicio para descobrir as causas desta oscilação.

Após diversas teorias como rajadas de vento e abalos sísmicos terem sido descartadas, foi levantada a possibilidade de que o abalo tenha sido ocasionado por uma academia em um dos andares do prédio.

Talvez isto possa parecer estranho, e de fato é. Mas, acidentalmente, durante uma aula de Tae Bo, conforme à mistura de exercícios aeróbicos com Taekwondo, os participantes executaram movimentos que geraram uma excitação muito próxima da frequência de ressonância do próprio edifício. Clique aqui para saber mais sobre vibrações e ressonância.

A música que levou a este ritmo é “The Power” que pode ser ouvida conforme vídeo abaixo. A OTMZA não se responsabiliza por eventuais danos a estruturas, dance por sua conta e risco.

 

 

Frequentemente, diversas outras estruturas podem entrar em ressonância devido a ação humana. Em síntese, estas devem ser capaz de amortecer o suficiente para que as oscilações se mantenham dentro do admissível para a estrutura. Um caso deste tipo é a “Millennium Bridge” que teve amortecedores instalados para que o transito de pedestres não gerasse demasiada oscilação.

Alterações no projeto

Estrutura das passarela do Hyatt Regency

Em 1980 foi inaugurado o hotel Hyatt Regency, que contava com 3 passarelas conectando suas alas norte e sul. As passarelas do segundo e quarto pavimento eram suspensas por uma mesma barra roscada, como pode ser visto na representação da figura ao lado.

No entanto, durante a construção, as barras que deveriam ir continuamente do teto até a passarela inferior, foram cortadas ao meio. Isso foi feito para evitar a necessidade de se rosquear as porcas que sustentariam a passarela superior por mais de 6 m de barra, facilitando a sua instalação.

Modelo projetado e adaptado.

Esta alteração no projeto pode parecer inteligente a primeira vista e sem grandes consequências, porém isto sobrecarrega a estrutura da passarela superior, que agora tem de suportar um valor aproximado do dobro da carga para a qual foi projetada.

Como pode-se observar na simulação realizada pela OTMZA (saiba mais sobre método de elementos finitos), a tensão e área de alta solicitação a qual a viga de sustentação superior esta submetida é muito maior no projeto modificado.

Simulação em elementos finitos do caso modificado e original.
Viga após o colapso.

Como resultado, isto ocasionou a ruptura da viga e consequente colapso total da estrutura, assim deixando 114 vitimas fatais.

O clássico erro de sinal

Acho que há algo errado aqui.

Certamente você já cometeu esse tipo de erro. Não? Eu também não, é claro, mas ouvi dizer que é comum.

Em 2003, estava sendo construída a ponte de Laufenburg, uma parceria entre Alemanha e Suíça para facilitar o transporte entre os dois países, onde cada país tinha como obrigação construir metade da ponte, finalizando sua construção no meio do caminho.

Porém, algo que deveria ser simples, como definir a altura na qual ambos os lados da ponte deveriam se encontrar, não foi algo tão trivial. Felizmente, os engenheiros notaram que o nível do mar considerado pelos dois países diferia em 27 cm. Ufa, eles somaram então este valor a um dos lados e seguiram com a construção.

Quando ambos os lados se aproximaram do ponto onde deveriam se encontrar, ficou evidente que algo estava errado. O lado Alemão estava 54 cm acima do lado Suíço. Sim, o clássico sinal errado.

Por fim, isto foi corrigido então rebaixando o lado Alemão e finalizando a ponte.

Ponte Rio-Niteróis

Nem sempre o que parece errado, está de fato errado. Este é o caso da Ponte Rio-Niterói, a ponte foi inaugurada em 1974 e possui mais de 13 km de extensão.

O vão central da ponte possui 300 metros de comprimento e, em dias de vento forte, podia se ter oscilações de até 60 cm. Este comportamento pode ser visto abaixo.


Esta oscilação assustava os motoristas que atravessavam a ponte e, muitas vezes, o trânsito tinha de ser interrompido devido ao risco de acidentes. No entanto, as oscilações não representavam risco algum a estrutura.

Em 2004, atenuadores dinâmicos sincronizados foram instalados no vão central, reduzindo as oscilações.

Os futuros erros

Talvez, olhando estes erros, alguém possa ficar tentado a dizer que a culpa é de uma determinada pessoa, mas a verdade é que estes erros são devido a diversos fatores. Abordar os erros cometidos como uma conjunção de fatores nos deixa muito mais capazes de prevenir futuros erro.

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